A saúde é uma das atividades econômicas mais importantes no Brasil e no mundo, representando aproximadamente 9% do PIB do país, segundo estatísticas da OMS em 2011. É responsável, ainda, pela geração de 4,3 milhões de empregos diretos de acordo com informações, de 2009, do IBGE. Dessa forma, a sua importância para a sociedade eleva os níveis de sua prioridade nas agendas privada e pública.
Segundo a ANAHP, associação que congrega os 80 (oitenta) maiores hospitais privados do país, em 2014, a receita de seu conjunto de associados atingiu o valor de 20,7 bilhões. Outros indicadores retratam a representatividade desse segmento da saúde: oferta de 17.400 leitos, 5,0 milhões de atendimentos em pronto socorro e mais de 114.000 postos de trabalho ativos.
Pesquisa Nacional da Saúde do IBGE realizada em 2013 aponta que das 200,6 milhões de pessoas residentes no país, 6%, ou seja, 12,1 milhões ficaram internados em hospitais por 24 horas ou mais nos últimos 12 (doze) meses anteriores à data da entrevista. Tratamento clínico e cirurgia foram os dois tipos de atendimento mais frequentes nos casos de internação, sendo 42,4% e 24,2%, respectivamente, em estabelecimentos de saúde pública. Em organizações privadas, os pesos se invertem: 29,8% procuraram tratamento clinico e 41,7% cirurgias.
Esses números dão a dimensão da importância das organizações hospitalares, exigindo que acompanhem as demandas da população assistida e invistam na qualidade e eficiência dos serviços de saúde oferecidos.
Ao longo do tempo, diferentes autores têm chamado a atenção para a necessidade dos hospitais buscarem aperfeiçoar seus sistemas de gestão. Segundo Drucker (1999), o gerenciamento da saúde, mais do que qualquer outro tipo de organização é complexo. Na mesma linha Alves (1998) destaca que a gestão dos hospitais é peculiar frente aos pressupostos administrativos e organizacionais, uma vez que abriga procedimentos diversificados e exige a união de diferentes categorias de recursos humanos em torno de um objetivo comum. Por sua vez, Gonçalves (2006) lembra que os hospitais eram, frequentemente, dirigidos por enfermeiras, religiosos ou empresários aposentados, pessoas bem intencionadas, que administravam pelo bom sendo e intuição.
Provavelmente, em nenhum outro momento dos últimos cem anos, quando de configurou e consolidou o modelo atual de hospital, confluíram tantos fatores de mudanças, nem em intensidade, nem em profundidade, como nas últimas três décadas. De acordo com Queiroz, Malik e Stal (2007), neste período de trinta anos, o setor hospitalar tem assistido a uma revolução tecnológica e de conhecimentos sem precedentes nas áreas diagnóstica e terapêutica. Além disso, desenvolvimentos científicos importantes nas áreas clínica e assistencial têm exigido das organizações hospitalares e seus membros uma maior capacidade para o aprendizado, a intensificação de habilidades e experiências, a inovação e o empreendedorismo.
Tratando-se de uma área complexa e sensível, enfrenta, também, grandes desafios em seus processos de gestão, tais como: dimensionamento adequado de estrutura, custos, busca por profissionais qualificados, engajamentos dos colaboradores para obtenção de melhores resultados em termos de produtividade e da satisfação dos pacientes.
Todos esses fatores conjugados colocam os hospitais frente a novos cenários, em que o desempenho organizacional é uma variável fundamental. Estratégias, estruturas e competências organizacionais, quando alinhadas de forma coerente e consistente, permitem a ocorrência de grandes saltos de qualidade.
Referências:
DRUCKER, P. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 1999.
ALVES, A. Fontes de financiamento e eficiência em dois hospitais privados filantrópicos paulistas: um estudo de caso. 1998. 129 f. tese (doutorado). Faculdade de Saúde Pública. Universidade de São Paulo. São Paulo. 1998.
GONÇALVES, E.L. (Org.) Gestão hospitalar: administrando o hospital moderno. São Paulo: Saraiva, 2006.
QUEIROZ, A.S.; MALIK, A.; STAL, E. Capacidades dinâmicas, inovação e modelos organizacionais: a trajetória de uma organização hospitalar. ENANPAD, 2007, Rio de Janeiro.
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